Este blog, criado em 12 de agosto de 2009, tem sua existência relacionada a um grupo de amigos que adotou o nome de Turmitinhas. As pessoas do grupo, em algum momento de suas vidas, frequentaram o curso de Desenho do Dalton e esse fato trouxe uma luz extra para nossas vidas. Aqui, quero compartilhar alguns de meus prazeres de vida, mas não todos, claro!
domingo, 27 de dezembro de 2009
O Porquê de Flora Urbana
A idéia surgiu a partir da “couve manteiga na sarjeta” (matéria do dia 29 nov 2009).
Acredito que a relação com o “verde” foi herdada tanto da família, como da cultura japonesa, sempre muito relacionadas à Natureza.
Minha avó materna cultivava suas plantinhas em infinitas latinhas, no nosso quintal, quando eu era criança e morávamos num bairro suburbano de São Paulo.
A herança rural veio de avós e pais que um dia trabalharam na “roça”. Vieram como imigrantes e sua subsistência dependia do trabalho braçal nas lavouras de algodão ou café, nas fazendas do interior paulista, no caso das famílias de meus pais.
Ao se mudarem para a cidade, trouxeram costumes rurais que foram adaptados à vida urbana, criando pequenas hortas nos quintais das casas e, quando possível, acrescentavam um pequeno galinheiro e algumas árvores frutíferas. Isso tudo existiu na casa onde morei quando criança. Com certeza, essas condições me levaram a ter certo conhecimento sobre vegetais, que muita gente “da cidade” não tem.
Sei que tudo isso fez parte do cenário quando me deparei com aquele pequeno pé de couve manteiga nascendo em condição tão inusitada. Assim, passei a acompanhar e registrar seu desenvolvimento, decidindo, por fim, transformá-lo em assunto do blog, foi quando meu olhar para o “verde” na cidade mudou.
Antes, era comum meu olhar voltar-se para o “cenário”. Sempre gostei de passar por caminhos arborizados e floridos, mas não me detinha aos detalhes de qual vegetação me cercava. A partir da couve, comecei a olhar as espécies que encontrava em meu caminho. E a surpresa foi grande.
A couve que nasceu na sarjeta aguçou meu olhar em direção às plantas inusitadas que nascem nos lugares também inusitados, como um pé de café num canteiro de calçada ou uma bananeira num jardim. Isso aconteceu num primeiro momento, posteriormente, comecei a ver a beleza que nos cerca e que nos passa muitas vezes despercebida. Isso tudo considerando nosso habitat – a metrópole de Sampa.
Daí, comecei a enxergar tanta coisa interessante nos meus caminhos habituais, que os redescobri, quase como se nunca os tivesse visto.
Foi assim que surgiu a idéia da série que chamei Flora Urbana.
Acredito que a relação com o “verde” foi herdada tanto da família, como da cultura japonesa, sempre muito relacionadas à Natureza.
Minha avó materna cultivava suas plantinhas em infinitas latinhas, no nosso quintal, quando eu era criança e morávamos num bairro suburbano de São Paulo.
A herança rural veio de avós e pais que um dia trabalharam na “roça”. Vieram como imigrantes e sua subsistência dependia do trabalho braçal nas lavouras de algodão ou café, nas fazendas do interior paulista, no caso das famílias de meus pais.
Ao se mudarem para a cidade, trouxeram costumes rurais que foram adaptados à vida urbana, criando pequenas hortas nos quintais das casas e, quando possível, acrescentavam um pequeno galinheiro e algumas árvores frutíferas. Isso tudo existiu na casa onde morei quando criança. Com certeza, essas condições me levaram a ter certo conhecimento sobre vegetais, que muita gente “da cidade” não tem.
Sei que tudo isso fez parte do cenário quando me deparei com aquele pequeno pé de couve manteiga nascendo em condição tão inusitada. Assim, passei a acompanhar e registrar seu desenvolvimento, decidindo, por fim, transformá-lo em assunto do blog, foi quando meu olhar para o “verde” na cidade mudou.
Antes, era comum meu olhar voltar-se para o “cenário”. Sempre gostei de passar por caminhos arborizados e floridos, mas não me detinha aos detalhes de qual vegetação me cercava. A partir da couve, comecei a olhar as espécies que encontrava em meu caminho. E a surpresa foi grande.
A couve que nasceu na sarjeta aguçou meu olhar em direção às plantas inusitadas que nascem nos lugares também inusitados, como um pé de café num canteiro de calçada ou uma bananeira num jardim. Isso aconteceu num primeiro momento, posteriormente, comecei a ver a beleza que nos cerca e que nos passa muitas vezes despercebida. Isso tudo considerando nosso habitat – a metrópole de Sampa.
Daí, comecei a enxergar tanta coisa interessante nos meus caminhos habituais, que os redescobri, quase como se nunca os tivesse visto.
Foi assim que surgiu a idéia da série que chamei Flora Urbana.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
Mais uma crônica de Natal
Nascer é acordar a cada dia, sabendo que aqui está o milagre. Nascer é perceber a vida sempre de modo diferente. Nascer é puro "re": renovar, reviver, restituir, refazer, recompor, realizar, reanimar, reassumir, rebrilhar, recobrar, recompensar, reconhecer, reconquista, recordar, retificar, recuperar, refletir, reformar, regalar, regozijar, reaver, rever, relevar, reluzir, rememorar, remodelar, reencontrar, remir, renunciar, reparar, repor, ressarcir, resignar, resolver, respeitar, resplender, resumir, retomar, retornar, REVELAR. Nascer é Revelar. Revelar é Reviver.
Mas há muito "re" contrário a nascer: reprovar, rebater, rebaixar, rebotar, recear, receber, ressentir, receptar, reclamar, recriminar, recuar, reduzir, refrear, regressar, rejeitar, remanchar, remorder, render, repelir, reprochar, reptar, repudiar, requisitar, reservar, restringir, retaliar, retardar, reter, retirar, retroceder, revidar, reprimir. Contrários ao nascer, fazem parte da vida em seu eterno misturar, conflitar, dividir, para adiante unir, depurando.
Nascer é saber esperar sem ódio. É entender de rega, poda, criança e passarinho. Nascer é ter os olhos bem abertos e, mesmo assim, prosseguir. É saber a hora do afago e da reprimenda. É descobrir primeiro em si e só depois nos outros.
Nascer é abrir o coração e a inteligência para receber o que foi de humana tessitura feito: no escárnio ou aplauso; na cara virada ou no sorriso natural; no ódio ou no amor.
Nascer é meditar. Ir fundo às regiões do próprio silêncio e sombra, sem medo. É saber-se menor, reduzido, torpe, invejoso, cabotino. Mas é canalizar o impulso negativo para a criação e a colheita. É ser capaz de amar-se exatamente a partir do próprio conflito. Nascer é não ter idade para a revelação. É dizer erro, faço , topo, minto, busco, posso, vou, quero, hei. Para um dia, entre suspiro de alívio e redenção, dizer SOU, CREIO.
Nascer é continuar.
Cada vez que a justiça se faz, algo nasceu.
Nascer é nascer, ora, e aqui estou na busca (busco) de frases e palavras sobre o nascer que é o Natal, símbolo de um Espírito que veio para salvar na forma de Homem.
Comunicar é entrar em comunhão. Entrar em comunhão é fazer de um o que é do outro. Evangelho quer dizer Boa Nova. O comunicador moderno é o portador da Boa Nova, o Evangelizador da era eletrônica.
Pois mesmo este, que se espreme na véspera de Natal para tentar sem conseguir dizer algo diferente, original e seu, não tem palavras nem originalidade para expressar o simples. O Eterno não é verbal.
O cronista não sabe se fala do Natal injusto ou do Natal fraterno. Não sabe se cai no mundo e fala das calçadas cheias de gente e automóveis, ou de transcendências. Não sabe onde está a Boa Nova no volume de complexidades, negadoras e afirmadoras da vida no mundo moderno.
Acentuando o que o faz perplexo, está afirmando a dimensão maior, a totalidade, a unidade. O eterno, cuja busca faz nascer, eis o Natal. Eis o Cristo. Sempre novo porque permanece.
(Mais uma crônica de Natal, de Artur da Távola)
Mas há muito "re" contrário a nascer: reprovar, rebater, rebaixar, rebotar, recear, receber, ressentir, receptar, reclamar, recriminar, recuar, reduzir, refrear, regressar, rejeitar, remanchar, remorder, render, repelir, reprochar, reptar, repudiar, requisitar, reservar, restringir, retaliar, retardar, reter, retirar, retroceder, revidar, reprimir. Contrários ao nascer, fazem parte da vida em seu eterno misturar, conflitar, dividir, para adiante unir, depurando.
Nascer é saber esperar sem ódio. É entender de rega, poda, criança e passarinho. Nascer é ter os olhos bem abertos e, mesmo assim, prosseguir. É saber a hora do afago e da reprimenda. É descobrir primeiro em si e só depois nos outros.
Nascer é abrir o coração e a inteligência para receber o que foi de humana tessitura feito: no escárnio ou aplauso; na cara virada ou no sorriso natural; no ódio ou no amor.
Nascer é meditar. Ir fundo às regiões do próprio silêncio e sombra, sem medo. É saber-se menor, reduzido, torpe, invejoso, cabotino. Mas é canalizar o impulso negativo para a criação e a colheita. É ser capaz de amar-se exatamente a partir do próprio conflito. Nascer é não ter idade para a revelação. É dizer erro, faço , topo, minto, busco, posso, vou, quero, hei. Para um dia, entre suspiro de alívio e redenção, dizer SOU, CREIO.
Nascer é continuar.
Cada vez que a justiça se faz, algo nasceu.
Nascer é nascer, ora, e aqui estou na busca (busco) de frases e palavras sobre o nascer que é o Natal, símbolo de um Espírito que veio para salvar na forma de Homem.
Comunicar é entrar em comunhão. Entrar em comunhão é fazer de um o que é do outro. Evangelho quer dizer Boa Nova. O comunicador moderno é o portador da Boa Nova, o Evangelizador da era eletrônica.
Pois mesmo este, que se espreme na véspera de Natal para tentar sem conseguir dizer algo diferente, original e seu, não tem palavras nem originalidade para expressar o simples. O Eterno não é verbal.
O cronista não sabe se fala do Natal injusto ou do Natal fraterno. Não sabe se cai no mundo e fala das calçadas cheias de gente e automóveis, ou de transcendências. Não sabe onde está a Boa Nova no volume de complexidades, negadoras e afirmadoras da vida no mundo moderno.
Acentuando o que o faz perplexo, está afirmando a dimensão maior, a totalidade, a unidade. O eterno, cuja busca faz nascer, eis o Natal. Eis o Cristo. Sempre novo porque permanece.
sábado, 19 de dezembro de 2009
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Natal Existencial
Que o seu Natal seja a certeza de que a vida é apenas descoberta, aventura, invenção e mistério.
Que seja Natal em você ainda quando lá fora imperem o escárnio e a injustiça. Nascendo natais em você, melhor enfrentará a luta por construir o mundo com justiça e amplidão.
Será Natal o que for afetivo, caloroso, verdadeiro e sem disfarces, mesmo o de Papai Noel. Será Natal sempre que o pedido de perdão seja feito e no coração se abrigue o mesmo sentimento de perdão, que cada um aprenderá a dar e pedir. Será Natal o que se fizer sincero e grato. Será Natal onde o sorriso agradeça, peça, revele ou insinue e jamais disfarce, distraia ou seduza.
Há de ser Natal quando todos festejemos por igual e saibamos avaliar perdas, dores, erros e ofensas e comungar qualidades, feitos, capacidade de prosseguir na luta constante por ver, sentir, saber e enfrentar. Há de ser Natal sempre que se comece e a força nasça e renasça, proclamando emocionada, a descoberta do si mesmo e dos tesouros no imo escondidos.
Sendo Natal você pode se comover, dar a mão, chorar à toa, beijar os filhos, pedir a bênção ao pai, brincar de bola de gude, boneca ou soldadinho de chumbo. Sendo Natal, você deve se fazer mais simples, chorão ou ciumento, sentar no colo até de estátua, sem temer pedir afago, agasalho, cafuné, abraço de filho, doce de leite ou trégua.
Natal seja, onde houver consciência de tudo o que oprime, principalmente quando vem disfarçado em lucro, progresso, ciência, aparência, fruição, rispidez, sentimento de superioridade, pretensão ou esbanjamento. Natal seja, onde o supérfluo não seja! Natal seja sempre que a arrogância ceda! Natal seja onde re/exista um gesto sincero de compreensão e coragem de não fazer o que oprime ou capitular ante a opressão sofrida.
Serás Natal se fores tu. Serás o Natal se fizeres um congresso interior dando a palavra a cada bancada interna. Serás o Natal se te identificares com o melhor e o pior de ti, crucificando-te em sacrifício para elevar-te à altura do melhor de ti e do Pai que elejas como padrão. Serás o natal se fores presente, embrulho, dádiva oferta, surpresa, entrega ou adivinhação.
Se, em vez de tu, preferires ser você, então que seja Natal em você quando se estabeleça a capacidade de compreender quem o ofende sem ofender quem o compreende; que seja Natal em você sempre que se descobrir também menor, mesquinho ou pequeno e fizer o esforço de halterofilista da própria moral. Que seja Natal em você sempre que se sinta invisivelmente emocionado ou emocionalmente visível, tocável, perceptível em sua melhor dimensão do sentir. Que seja Natal em você a cada recordação e reconhecimento de quem, algo lhe trouxe, mesmo encapado em dor ou perda, espanto, amor ou desilusão.
Ser Natal é olhar o céu para obter silêncio. É saber olhar, pacificar, gesticular a esperança e votar na verdade.
Ser Natal é acender as próprias luzes sem brilho e ouvir, no silêncio, a voz do mistério a proclamar a verdade numa linguagem oculta com a qual se consiga alcançar sem saber e perceber sem conhecer.
Ser Natal é pular o muro ou entrar pela chaminé para dentro de si e lá encontrar a mesma criança com as enormes barbas brancas da sabedoria milenar da espécie.
Ser Natal é descobrir que Natal é Ser.
Que seja Natal em você ainda quando lá fora imperem o escárnio e a injustiça. Nascendo natais em você, melhor enfrentará a luta por construir o mundo com justiça e amplidão.
Será Natal o que for afetivo, caloroso, verdadeiro e sem disfarces, mesmo o de Papai Noel. Será Natal sempre que o pedido de perdão seja feito e no coração se abrigue o mesmo sentimento de perdão, que cada um aprenderá a dar e pedir. Será Natal o que se fizer sincero e grato. Será Natal onde o sorriso agradeça, peça, revele ou insinue e jamais disfarce, distraia ou seduza.
Há de ser Natal quando todos festejemos por igual e saibamos avaliar perdas, dores, erros e ofensas e comungar qualidades, feitos, capacidade de prosseguir na luta constante por ver, sentir, saber e enfrentar. Há de ser Natal sempre que se comece e a força nasça e renasça, proclamando emocionada, a descoberta do si mesmo e dos tesouros no imo escondidos.
Sendo Natal você pode se comover, dar a mão, chorar à toa, beijar os filhos, pedir a bênção ao pai, brincar de bola de gude, boneca ou soldadinho de chumbo. Sendo Natal, você deve se fazer mais simples, chorão ou ciumento, sentar no colo até de estátua, sem temer pedir afago, agasalho, cafuné, abraço de filho, doce de leite ou trégua.
Natal seja, onde houver consciência de tudo o que oprime, principalmente quando vem disfarçado em lucro, progresso, ciência, aparência, fruição, rispidez, sentimento de superioridade, pretensão ou esbanjamento. Natal seja, onde o supérfluo não seja! Natal seja sempre que a arrogância ceda! Natal seja onde re/exista um gesto sincero de compreensão e coragem de não fazer o que oprime ou capitular ante a opressão sofrida.
Serás Natal se fores tu. Serás o Natal se fizeres um congresso interior dando a palavra a cada bancada interna. Serás o Natal se te identificares com o melhor e o pior de ti, crucificando-te em sacrifício para elevar-te à altura do melhor de ti e do Pai que elejas como padrão. Serás o natal se fores presente, embrulho, dádiva oferta, surpresa, entrega ou adivinhação.
Se, em vez de tu, preferires ser você, então que seja Natal em você quando se estabeleça a capacidade de compreender quem o ofende sem ofender quem o compreende; que seja Natal em você sempre que se descobrir também menor, mesquinho ou pequeno e fizer o esforço de halterofilista da própria moral. Que seja Natal em você sempre que se sinta invisivelmente emocionado ou emocionalmente visível, tocável, perceptível em sua melhor dimensão do sentir. Que seja Natal em você a cada recordação e reconhecimento de quem, algo lhe trouxe, mesmo encapado em dor ou perda, espanto, amor ou desilusão.
Ser Natal é olhar o céu para obter silêncio. É saber olhar, pacificar, gesticular a esperança e votar na verdade.
Ser Natal é acender as próprias luzes sem brilho e ouvir, no silêncio, a voz do mistério a proclamar a verdade numa linguagem oculta com a qual se consiga alcançar sem saber e perceber sem conhecer.
Ser Natal é pular o muro ou entrar pela chaminé para dentro de si e lá encontrar a mesma criança com as enormes barbas brancas da sabedoria milenar da espécie.
Ser Natal é descobrir que Natal é Ser.
(Natal Existencial, de Artur da Távola)
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