A idéia surgiu a partir da “couve manteiga na sarjeta” (matéria do dia 29 nov 2009).
Acredito que a relação com o “verde” foi herdada tanto da família, como da cultura japonesa, sempre muito relacionadas à Natureza.
Minha avó materna cultivava suas plantinhas em infinitas latinhas, no nosso quintal, quando eu era criança e morávamos num bairro suburbano de São Paulo.
A herança rural veio de avós e pais que um dia trabalharam na “roça”. Vieram como imigrantes e sua subsistência dependia do trabalho braçal nas lavouras de algodão ou café, nas fazendas do interior paulista, no caso das famílias de meus pais.
Ao se mudarem para a cidade, trouxeram costumes rurais que foram adaptados à vida urbana, criando pequenas hortas nos quintais das casas e, quando possível, acrescentavam um pequeno galinheiro e algumas árvores frutíferas. Isso tudo existiu na casa onde morei quando criança. Com certeza, essas condições me levaram a ter certo conhecimento sobre vegetais, que muita gente “da cidade” não tem.
Sei que tudo isso fez parte do cenário quando me deparei com aquele pequeno pé de couve manteiga nascendo em condição tão inusitada. Assim, passei a acompanhar e registrar seu desenvolvimento, decidindo, por fim, transformá-lo em assunto do blog, foi quando meu olhar para o “verde” na cidade mudou.
Antes, era comum meu olhar voltar-se para o “cenário”. Sempre gostei de passar por caminhos arborizados e floridos, mas não me detinha aos detalhes de qual vegetação me cercava. A partir da couve, comecei a olhar as espécies que encontrava em meu caminho. E a surpresa foi grande.
A couve que nasceu na sarjeta aguçou meu olhar em direção às plantas inusitadas que nascem nos lugares também inusitados, como um pé de café num canteiro de calçada ou uma bananeira num jardim. Isso aconteceu num primeiro momento, posteriormente, comecei a ver a beleza que nos cerca e que nos passa muitas vezes despercebida. Isso tudo considerando nosso habitat – a metrópole de Sampa.
Daí, comecei a enxergar tanta coisa interessante nos meus caminhos habituais, que os redescobri, quase como se nunca os tivesse visto.
Foi assim que surgiu a idéia da série que chamei Flora Urbana.
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