quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Kirigami... a descoberta


“Origamic Architecture”, também conhecido como Pop-up Architecture ou 3D Cards, foi o nome dado pelo criador à arte conhecida, aqui no Brasil, como Kirigami. Esta é uma arte ainda pouco conhecida aqui nesta nossa terra.

A palavra “kirigami” é formada, na língua japonesa, pelas palavras “kiri”, significando corte, e “kami” (“gami”- forma eufônica), significando papel.

O professor Massahiro Chatani, arquiteto formado pela Faculdade Industrial da Universidade de Tóquio e, atualmente, professor do Instituto de Tecnologia de Tóquio, associou diferentes técnicas para chegar ao resultado que procurava.

Conta-se que ele buscava uma forma diferente de cartão de felicitações para enviar aos amigos. Foi associando seus conhecimentos de arquitetura, origami e kiriê, que teve a idéia de criar cartões que resultasse numa forma tridimensional ao ser aberto, trazendo uma bela e agradável surpresa.
Isso ocorreu na década de 80, quando o professor Chatani já era uma personalidade muito respeitada no meio acadêmico. Seus cartões fizeram tamanho sucesso que acabou tomando a forma de um primeiro livro no ano de 1984.

Origami é a arte de dobrar papel, sendo uma das artes tradicionais japonesas. Esta é uma das mais conhecidas no mundo todo.
 A palavra “origami” é composta pelas palavras “ori”, significando dobra, e “kami” (“gami” – forma eufônica), significando papel.

Originalmente, o origami estava ligado às comemorações religiosas, na Antiguidade, e eram feitos com papéis manufaturados especialmente para uso dos sacerdotes xintoístas. Os papéis eram dobrados em forma de raio e colocados em objetos utilizados durante os festivais como o Tanabata – Festival das Estrelas, o Itsukinomiya – Festival da Boa Colheita e tantos outros. Eram também usados nos rituais de benzimento, na confecção dos bonecos do Hinamatsuri – Festival das Meninas, entre outros.
Essas dobraduras também estavam presentes em eventos como coroação, casamento, enterro, festivais, datas comemorativas, cerimônias oficiais e papéis para presentes. Utilizava-se também a dobradura de papel como certificado de autenticidade que acompanhava os objetos de valor, como espadas, espadim, e outros.

Kiriê faz parte de uma das maravilhas da arte tradicional chinesa. Consiste em formar figuras através de cortes feitos no papel, utilizando-se um estilete.

Literalmente, a palavra significa cortar – “kiri” e formar imagem – “ê”.

No Japão, o kiriê é bastante antigo. Nos escritos da poesia Manyoushu, 759 D.C., já havia ilustrações utilizando-se desta técnica. Em Quioto foi muito usado na fabricação de moldes para pintar tecidos para kimono.
Assim como o origami, o kiriê também estava ligado às comemorações religiosas. Até hoje são utilizados nos festivais e templos xintoístas.

Hoje em dia, diversos artistas têm associado técnicas de kiriê a diversas outras, trazendo um toque oriental em suas produções.
Naomi Uezu é quem se dedica à divulgação e ensinamento da arte do kirigami aqui no Brasil. Em 1993, ela que já dominava a técnica dos cartões tridimensionais e que iniciou oficialmente, através de entidade representativa de divulgação da cultura japonesa, o ensinamento do kirigami.
Foi com ela que aprendi um pouco desta arte, que me surpreendeu e me encantou. Foi nos idos de 2005, a convite de uma amiga, Luzia, que formou um pequeno grupo de pessoas para aprender o kirigami. As imagens dos cartões que produzimos nesse curso estão nestes endereços:

Kirigami – Módulo I:
http://gmorita.multiply.com/photos/album/10/10
Kirigami – Módulo II:
http://gmorita.multiply.com/photos/album/11/11
Kirigami – Módulo III:
http://gmorita.multiply.com/photos/album/12/12

fontes:
http://www.kirigami.com.br/
http://www.kamiarte.com.br/
http://www.kobe-photo.com/htm/tanabata.html
http://www.culturajaponesa.com.br
Guia da Cultura Japonesa – Editora JBC Japan Brazil Communication, 2004

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Bazar Buzz

Durante as andanças de minhas férias, em agosto, aqui mesmo pela cidade de São Paulo, encontrei um bazar sobre rodas, que só mesmo a criatividade brasileira para transformar um micro ônibus em bazar!
Encontrei-o num sábado, na Rua Lisboa próximo à Rua Teodoro Sampaio. Ali perto, aos sábados, acontece a já conhecida feira de antiguidades, artes e artesanato na Praça Benedito Calixto.

Estava eu caminhando pela Lisboa, quando um veículo muito colorido chamou minha atenção. Num primeiro momento, imaginei ser de alguma banda de rock, ou alguém que fez de um micro ônibus sua moradia.

Quase passei direto, mas as cores do veículo foram de tal chamamento, que não consegui resistir. Atravessei a rua e, conforme fui me aproximando, tive uma grande surpresa, pois percebi que era na realidade uma loja sobre pneus! É uma pena que a loja estivesse fechada naquele momento. Imagino que seu proprietário estivesse dando uma voltinha na Pça Benedito Calixto ou tivesse tirado uma folguinha para um café!






Fantástico!






Ontem, andando pela Vila Madalena, voltei a vê-lo estacionado numa das ruas de maior movimento desse bairro. Ele é muito alegre e para mim traz ares renovados de uma infância feliz.

Atravessei a rua novamente para começar a fotografar a partir da primeira imagem, aquela que me chamou tanto a atenção.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Xícaras de café


Xícaras de café são objetos absolutamente comuns nas casas brasileiras. Sejam elas pobres, ricas ou remediadas. Afinal o cafezinho é um hábito milenar, por nós herdado dos europeus e profundamente arraigado no nosso jeito brasileiro.

Sobre o café propriamente dito e sua história encontra-se muito material: livros, revistas, artigos, clubes de degustação, etc., mas e sobre as xícaras de café? Procurei e nada encontrei. Se existe, não sei!

Então, vou contar a história das minhas xícaras de café!

Assim como a maior parte das mulheres brasileiras, herdei o hábito de imaginar as xícaras de café de casa como um conjunto de meia dúzia, uma dúzia, enfim de uma quantidade conveniente aos costumes sociais da casa, sendo esse conjunto de xícaras iguais, assim como outros conjuntos de objetos domésticos.

Desde criança testemunhei a tensão gerada pela perda de uma das peças de qualquer desses conjuntos, levando, muitas vezes, a dona da casa quase ao desespero por ter um conjunto incompleto, especialmente se ele é de origem rara ou preciosa. Então, quando me tornei dona da minha casa, optei por ter xícaras (e louças em geral) simples, deixando as mais preciosas para ocasiões especiais. Descobri então, que preciosa ou comum, a tensão gerada pela perda de uma peça era a mesma!

Lá pela década de 1980, mais ou menos, comecei a observar uma nova forma requintada de tratar a louçaria: restaurantes da moda começaram a servir seus pratos em uma espécie de coleção, ou seja, os pratos não eram iguais, mas eram escolhidos a dedo e todos, ou quase todos, diferentes, formando um conjunto heterogêneo, porém esteticamente cuidado.
Foi por essa ocasião que reparei que nos restaurantes japoneses, tudo já se passava dessa forma, e há muito tempo! Eu é que não havia botado reparo, talvez porque meu interesse maior fosse mesmo a comida propriamente dita.

Nesse período eu andava em crise com as xícaras de café. Meus conjuntos estavam falidos, perdidos... e eu não conseguia encontrar nada que me agradasse, ou se conseguia era a um custo que eu não podia sustentar. Por algum tempo adotei as canecas esmaltadas, simpáticas, simples, práticas e fáceis de adquirir e manter.

Nesse ínterim, minha madrinha Tereza apareceu lá em casa, trazendo um par de xícaras de café, de fabricação japonesa – as famosas “casca-de-ovo”, que eu havia lhe dado de presente quando criança. Disse-me que estava ficando idosa e que se um dia ela se fosse, mudada para uma outra dimensão, não tinha a menor idéia (ou tinha) de quem cuidaria ou não de seus pertences, então ela queria que aquelas preciosas xícaras ficassem comigo, pois assim teria a certeza de que estariam bem cuidadas. Fiquei, obviamente, emocionada e grata. Triste também, pois era uma espécie de prévia de despedida. Essas xícaras ficaram sobre o meu piano, como objetos de devoção e decoração por cerca de dois anos. E fez parte da decisão que, posteriormente, tomei sobre as xícaras de café da minha casa!

A gota d’água foi quando, ao visitar uma amiga da época da faculdade, descobri que ela fazia coleção de pares de taças de cristal para champanhe de uma determinada “estirpe” (não conheço nada sobre cristais nobres) e, em ocasiões especiais, usava a sua coleção para os brindes.

O conjunto desses fatos se organizou de tal forma na minha cabeça, que acabou consolidando na idéia de fazer uma coleção de xícaras de café, unindo o útil ao pragmático, ao agradável e ao sofisticado.

E mais, eu já possuía as primeiras peças. Exatamente aquelas que madrinha Tereza havia trazido para que eu cuidasse.

Minha coleção contém desde as famosas casca-de-ovo, que hoje não são mais fabricadas, até modernas xícaras populares fabricadas na China. Ela pode ser vista neste endereço: