segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Xícaras de café


Xícaras de café são objetos absolutamente comuns nas casas brasileiras. Sejam elas pobres, ricas ou remediadas. Afinal o cafezinho é um hábito milenar, por nós herdado dos europeus e profundamente arraigado no nosso jeito brasileiro.

Sobre o café propriamente dito e sua história encontra-se muito material: livros, revistas, artigos, clubes de degustação, etc., mas e sobre as xícaras de café? Procurei e nada encontrei. Se existe, não sei!

Então, vou contar a história das minhas xícaras de café!

Assim como a maior parte das mulheres brasileiras, herdei o hábito de imaginar as xícaras de café de casa como um conjunto de meia dúzia, uma dúzia, enfim de uma quantidade conveniente aos costumes sociais da casa, sendo esse conjunto de xícaras iguais, assim como outros conjuntos de objetos domésticos.

Desde criança testemunhei a tensão gerada pela perda de uma das peças de qualquer desses conjuntos, levando, muitas vezes, a dona da casa quase ao desespero por ter um conjunto incompleto, especialmente se ele é de origem rara ou preciosa. Então, quando me tornei dona da minha casa, optei por ter xícaras (e louças em geral) simples, deixando as mais preciosas para ocasiões especiais. Descobri então, que preciosa ou comum, a tensão gerada pela perda de uma peça era a mesma!

Lá pela década de 1980, mais ou menos, comecei a observar uma nova forma requintada de tratar a louçaria: restaurantes da moda começaram a servir seus pratos em uma espécie de coleção, ou seja, os pratos não eram iguais, mas eram escolhidos a dedo e todos, ou quase todos, diferentes, formando um conjunto heterogêneo, porém esteticamente cuidado.
Foi por essa ocasião que reparei que nos restaurantes japoneses, tudo já se passava dessa forma, e há muito tempo! Eu é que não havia botado reparo, talvez porque meu interesse maior fosse mesmo a comida propriamente dita.

Nesse período eu andava em crise com as xícaras de café. Meus conjuntos estavam falidos, perdidos... e eu não conseguia encontrar nada que me agradasse, ou se conseguia era a um custo que eu não podia sustentar. Por algum tempo adotei as canecas esmaltadas, simpáticas, simples, práticas e fáceis de adquirir e manter.

Nesse ínterim, minha madrinha Tereza apareceu lá em casa, trazendo um par de xícaras de café, de fabricação japonesa – as famosas “casca-de-ovo”, que eu havia lhe dado de presente quando criança. Disse-me que estava ficando idosa e que se um dia ela se fosse, mudada para uma outra dimensão, não tinha a menor idéia (ou tinha) de quem cuidaria ou não de seus pertences, então ela queria que aquelas preciosas xícaras ficassem comigo, pois assim teria a certeza de que estariam bem cuidadas. Fiquei, obviamente, emocionada e grata. Triste também, pois era uma espécie de prévia de despedida. Essas xícaras ficaram sobre o meu piano, como objetos de devoção e decoração por cerca de dois anos. E fez parte da decisão que, posteriormente, tomei sobre as xícaras de café da minha casa!

A gota d’água foi quando, ao visitar uma amiga da época da faculdade, descobri que ela fazia coleção de pares de taças de cristal para champanhe de uma determinada “estirpe” (não conheço nada sobre cristais nobres) e, em ocasiões especiais, usava a sua coleção para os brindes.

O conjunto desses fatos se organizou de tal forma na minha cabeça, que acabou consolidando na idéia de fazer uma coleção de xícaras de café, unindo o útil ao pragmático, ao agradável e ao sofisticado.

E mais, eu já possuía as primeiras peças. Exatamente aquelas que madrinha Tereza havia trazido para que eu cuidasse.

Minha coleção contém desde as famosas casca-de-ovo, que hoje não são mais fabricadas, até modernas xícaras populares fabricadas na China. Ela pode ser vista neste endereço:


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